sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pra frente


A vida é um caminho pra frente.

Li essa frase essa semana e de alguma forma ela mexeu comigo, talvez por ser uma dura verdade.

A vida é feita de passos certeiros, nela não há volta, nem meio termo, simplesmente porque neste caminho o tempo não para, não se mistura, nele o passado fica sempre para trás; o presente é sempre agora e o futuro ainda virá, mas uma coisa é certa, nada será como antes, e tudo pode ser melhor com a chegada do amanhã.

E nesse caminho que só avança a vida se encarrega de ir nos moldando, nos apresentando novos gostos, cheiros e cores, nos permitindo ter novas sensações, nos dando a oportunidade de rever conceitos, de amar e expressar o amor de formas diferentes, de se doar mais nas relações; ela também vem recheada de cenas tristes, escolhas duras, partidas inevitáveis, dúvidas cruéis, sentimentos confusos... Mas é nesse turbilhão de emoções e situações que a vida vai nos configurando, nos aprimorando; e de repente a gente olha pra dentro e percebe o quanto mudou, o quanto cresceu, o quanto perdeu, o quanto evoluiu e o quanto precisamos correr atrás do tempo perdido.

E talvez essa seja a grande graça e o grande dissabor da vida:  a certeza de que tudo é mutável, a convicção de que em 1 segundo tudo pode mudar, que algumas oportunidades passaram e nunca mais voltarão, que algumas marcas serão pra vida inteira, que amanhã podemos recomeçar tudo de novo se quisermos, e abraçar novos sonhos, novos alvos... Porque uma coisa é fato, mesmo em meios ás perdas nada está terminantemente perdido, acabado ou consumado, enquanto houver fôlego de vida há oportunidade de conquista e de recomeço.

Tem dias que fecho os meus olhos e imagino o Criador bradando: "Viva, viva agora, se lança neste dia que eu fiz, agarra a oportunidade, prossegue porque o caminho é pra frente, não desanima Eu vou contigo."

E é esse convite diário, essa certeza de que há mais nesse caminho que me motiva a prosseguir, e claro, assim como pra você a maioria dos meus dias não são fácies mas tenho buscado fazer do meu hoje meu maior presente, sabe, cheguei num tempo onde decidi abrir mão dos meus "achismos", do meu "será" para viver o hoje, sem peso, entendo que o caminho é pra frente, e não adianta, algumas das minhas perguntas nunca terão respostas (pelo menos nessa terra), algumas oportunidades nunca voltarão, alguns sonhos não se realizarão... Mas há dentro de mim a convicção de que há outras coisas lindas para se viver, o caminho prossegue cheio de surpresas boas, novas amizades e oportunidades. 

Fiz uma promessa a mim mesma, não vou desperdiçar mais nenhuma oportunidade de dar uma boa gargalhada, de conhecer novas pessoas, de ir a novos lugares, de escutar o outro mesmo que ele pense muito diferente de mim, sim, vou me permitir ouvir seus argumentos, ponderar suas posições e refletir seus sentimentos com mais intensidade. Quero deixar de idolatrar conceitos e me lançar na experiência pessoal, não quero mais ver as pessoas e a vida pelos olhos dos outros, quero estabelecer minhas próprias experiências, ter minhas próprias sensações e impressões, não quero ser um papagaio que repete qualquer coisa, quero ser voz, ser pensante e experimentado, portanto vou me permitir mais!
  
Uma hora, esse caminho que é pra frente, nos mostra que por diversas vezes nessa jornada perdemos a oportunidade de crescer por desvios intelectuais, emocionais, religiosos, financeiros, e porque não dizer morais... Nossa, e quanto tempo perdemos? Criticando os outros, e sofrendo com as criticas que recebemos, idolatrando relações, esperando honra e respeito de que não tem (e não se engane, ninguém pode dar aquilo que não tem), sofrendo por ciúmes, nos agarrando ás circunstâncias... Perdemos porque nos preocupamos demais com aquilo que no fim não nos acrescentaria em nada, perdemos porque compramos brigas que não eram nossas, perdemos porque decidimos quebrar cabeça com assuntos já acabados, perdemos porque olhamos mais para nossas feridas do que para a cura, perdemos porque muitas vezes decidimos não lutar nossas guerras, perdemos porque nos acostumamos com o medo. Perdemos.
Como diz o J.B Carvalho "Pare de falar (e viver) de assuntos que lhe paralisam. Vira o disco, muda de fala, quebre a vitrola". Se necessário for, façamos isso.

Nesse caminho que é pra frente a gente aprende que a velocidade não é tão importante, na verdade, na maioria das vezes ir devagar é o que dá sabor aos momentos... Ler um livro com esmero e voltar várias no mesmo paragrafo só para captar o máximo da sua essência, abraçar o outro com leveza deixando de lado a etiqueta do tempo e encaixar sua cabeça entre o ombro e o pescoço da pessoa afagando as suas costas delicadamente, saborear um novo prato encarando cada garfada como um objeto de estudo, acordar aos poucos se dando o luxo de poder ficar mais 5 minutinhos debaixo da coberta... Delícias cotidianas que fazem a vida valer a pena e por isso precisam ser bem apreciadas.

Que na finitude do hoje possamos de fato viver plenamente, com temor e amor, com suor e trabalho, com fé e graça... Jogando fora todo lixo emocional, aprofundando nossos alicerces naquilo que é bom, perfeito e agradável e nos dando a oportunidade de ser feliz agora. Tomara que não demoremos muito tempo pra entender que a vida não é um ensaio, ela já é a arte final! Sim, vamos errar e cair muitas vezes, mas o importante é que precisamos caminhar sabendo que ainda não somos quem deveríamos ser mas tendo a certeza de que somos muito melhores do que antes...

Não tenha medo de sua vida terminar, tenha medo de que ela não comece. 
Viva hoje! Viva agora, pois o caminho é pra frente, sempre!