sábado, 24 de março de 2012

Crise de Fé

Hoje quero falar sobre algo bem simples: “Todos nós passaremos por uma crise de fé”, sim, isso é fato, todos nós em algum momento passaremos por conflitos que vão atingir diretamente nossas convicções com diversas perguntas, e haverá um determinado momento em que os clichês religiosos não suprirão mais as nossas inquietações... Essa crise de fé não é sinônimo de rebeldia (apesar de alguns religiosos julgarem desta maneira), o cansaço, a vontade de desistir, o desânimo é algo natural, faz parte da caminhada de quem deseja a eternidade... Em algum momento na batalha da fé nós vamos nos ferir e precisar de cuidados, cuidados estes que homem nenhum pode dar, são cuidados celestiais, remédios que só podem vir das mãos do próprio Deus.
Mas quem disse que por estar numa crise de fé a presença de Deus se foi?  Quem disse que conflito interno significa que não há amor a Deus?
Tenho aprendido que Deus continua caminhando comigo mesmo quando não consigo perceber a Sua presença, que Ele não abandona nenhum de seus filhos seja qual for o tamanho da crise, acredito na presença divina mesmo que silenciosa e quieta em cada segundo na vida daqueles que O amam, não importa se estamos no barco agitado pelas ondas, ou dispersos no caminho, não importa se há espinhos na carne ou se não conseguimos entender as decisões e o tempo divino...  Independente de tudo isso Ele continua nos amando e apostando todas as fichas em nós!
Não estou dizendo que  pelo fato de você ter uma crise de fé deve abandonar seu chamado, parar de liderar ou deixar de lado suas atividades... O que quero dizer é que não devemos fazer de conta que a crise não existe ou simplesmente fingir que não temos questionamentos por medo de enfrentar a nossa fraqueza e principalmente as pessoas. Somos humanos e Deus sabe muito bem disso, nossa natureza é frágil e falha, há sobre a nós a imperfeição da dúvida e é por isso que precisamos de Deus, deste ser superior que realiza o impossível; portanto não precisamos camuflar nossos conflitos, fingir que somos super heróis, fazer de conta que não possuímos questionamentos, afinal depender da Divindade é isso, é reconhecer nossa pequinês, é lançar nossas ansiedades e dúvidas N’Ele, é manter um relacionamento sincero, é pedir socorro quando necessário.
A crise existencial ou a crise da fé (seja lá qual for a sua crise) virá para todos e neste momento é preciso calma e sabedoria, desistir não é melhor opção, creio que a melhor saída é encarar a crise de frente, é dar oportunidade a si mesmo para conhecer o seu coração e compreender o porquê de querer abandonar tudo...
Hoje entendo que há momentos na vida em que é preciso desconstruir pra continuar, parar para poder prosseguir, é preciso desfazer as projeções místicas para encontrar a simplicidade, quebrar antigos conceitos para adquirir uma nova mente, é preciso se aquietar para ouvir, é preciso recomeçar para viver, é preciso fazer como a águia: respirar fundo, se isolar de tudo, subir ao monte e se “desmontar”, arrancar penas, bico, realinhar sua visão, encarar de frente sua crise e mudar.
Muitos preferem continuar andando mesmo duvidando, continuar discursando mesmo não concordando, continuar agindo como se a crise da fé fosse um pecado mortal, ou fingindo que a mesma não existe... Eu acredito que o maior medo das pessoas é admitir sua crise de fé e ser rotulado, julgado ou menosprezado pelos outros, afinal o que se espera daquele que crê é convicção e fé inabaláveis, por isso muitos acabam camuflando seus sentimentos e questionamentos e escondendo até mesmo de Deus a sua sede por respostas.
Na crise da fé só há três caminhos: Ou o indivíduo abandona a fé e se entrega ao ateísmo e pessimismo, ou finge que é um super herói e continua caminhando com seus questionamentos camuflados alimentando a projeção de que é um ser perfeito, ou então encara suas fragilidades e assume que assim como qualquer outro em alguns momentos duvida, tem vontade de largar tudo, chora e possui conflitos.
Ao invés de abandonar a fé e desistir de caminhar com o Senhor ou manter uma pose zelando por uma imagem enganosa eu fiz uma opção, eu decidi ser honesta comigo e com Deus, decidi encarar todas as minhas perguntas conflitos e dúvidas, e admiti que estava numa crise de fé, e coloquei essa crise diante de Deus. Confesso que pensei em desistir de tudo, da fé, da Divindade, do chamado, durante algum tempo me culpei por ter tantas dúvidas e me julguei por isso, e quase, mas quase mesmo entrei pelo caminho do suicídio espiritual...
Mas eu percebi algo, Deus nunca abandonou ou menosprezou nenhum dos seus por causa de questionamentos, lamentos e conflitos, olhe para Davi quantos salmos ele questiona aqueles que se levantaram contra ele, quantos salmos são verdadeiros pedidos de socorro, quantos textos indagando a demora da justiça de Deus... Olhe para Jó se lamentando sem entender o porquê sua vida tinha tomado um rumo tão trágico, chegando até mesmo a amaldiçoar o dia em que nasceu, um livro que mostrou a humanidade de um homem que era “íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal” (Jó 1:1) mas que passou por uma crise de fé. Olhe para Jeremias quantas dúvidas e questionamentos ele teve, quantas vezes rios de lágrimas correram em seu rosto; olhe para Jonas que foi escolhido por Deus para uma missão mas teve uma crise de fé e se desviou do caminho, olhe para Pedro cujo medo foi maior que a fé e acabou negando o Mestre três vezes, que quase se afogou mas foi resgatado por Jesus... Nenhum deles foi ignorado ou menosprezado pelo Criador.
O que nos faz prevalecer é crer que Deus continua conosco, Ele não muda porque nós mudamos, e se mudamos de maneira equivocada Ele é capaz de nos aprumar, é preciso continuar a caminhada enfrentando os conflitos de maneira honesta e entregar cada pergunta e sentimento a Deus, é preciso se permitir passar pela crise e vencê-la, é na nossa fraqueza que virá a força, é na nossa dúvida que virá a resposta, é na nossa imperfeição que virá o perfeito, é na nossa angústia que virá a paz que excede todo entendimento, é na nossa humanidade que virá o divino, o milagre.
Hoje eu te convido a enfrentar seus questionamentos, admitir suas fraquezas, a enxergar a sua crise como uma fase de aprendizado, te convido a se reconhecer humano, pequeno e frágil e se preciso for recomece, mas não pare!
Passe para o próximo nível, não desista! Ainda tem muito mais!


quarta-feira, 21 de março de 2012

De repente 26...

Parece que foi ontem que eu fiz 15 anos, fecho os olhos e consigo me enxergar sentada na cadeira de debutante recebendo diversas felicitações. Mal fiz 15 anos e já estava ansiosa pelos 18, tudo que eu queria era a minha tão sonhada “liberdade”, na verdade ainda não consigo compreender essa magia em torno dessa idade, pelo menos pra mim não fez tanta diferença e confesso que até me frustrei um pouco, pois imaginava que na maioridade tudo seria diferente, como num passe de mágica tudo seria mais interessante... Doce ilusão! E como num piscar de olhos me vi com 22 anos, formada e a procura de emprego.

Os dias passaram tão rápido que eu nem percebi... De repente me vejo com 26 anos!
Às vezes me arrependo de não ter curtido mais, de não ter feito loucuras, de ter amadurecido tão rápido, de ter viajado pouco, de ter sido tão centrada diante de momentos que poderiam ter sido hilários, de ter assumido tantas responsabilidades tão cedo, de não ter me permitido mais... Mas o pensamento mal se completa e outro surge, talvez se tudo tivesse sido tão diferente eu não seria quem sou, não estaria onde estou e não teria as convicções que tenho.

A grande verdade é que aos 26 anos minha mente não para, as idéias explodem na minha cabeça e os sonhos simplesmente brotam... Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho é pouco pra mim, eu almejo muito mais! Quero amizades com gosto de algodão doce, brisa colorida, amigos mais chegados que irmãos, um amor doce e apimentado, manhãs alegres, um emprego inspirador e desafiador, viagens curtas e intensas, beijos molhados, quero poder apreciar as delícias da gastronomia, quero teatro todo sábado, quero livros cd's e dvd's todas as noites, quero relacionamento com o Criador, quero abundância de fé alegria e recursos, quero primos-amigos, tios-colados, irmãmais que presente, pais confidentes, quero felicidade nas coisas simples e amor a todo instante.

A verdade é que hoje só posso agradecer a Deus por cada pessoa que passou pela minha vida, pela família maravilhosa que Ele me deu, pelas habilidades que me foram dadas, pela graça e amor que me foram concedidos, pelas misericórdias que continuam se renovando a cada manhã. De uma coisa eu sei, não sou merecedora de tantas vitórias, de tantas oportunidades de recomeço, de tanto favor... Mas estou decidida a gastar os meus dias em me tornar a melhor pessoa que posso!

A vida é assim, hoje 26, amanhã 27... O tempo não para e eu não estou disposta a perder nenhum segundo da minha vida, portanto vou ali comer uma torta de aniversário que acabou de chegar por aqui... rsrs

Quero terminar este post rápido com as lindas palavras de Mário Quintana que expressam de maneira plena o meu sentimento nesta noite:

Tempo

"A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal...
Quando se vê, já terminou o ano...
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado...
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas...
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo...
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará."


Carpe Diem

Me perdoem pelo post curto, essa semana ainda posto algo novo! Fui...










sábado, 17 de março de 2012

Religião Mata!


É incrível como as pessoas tem se agarrado á religião e deixado de viver o verdadeiro evangelho, sempre que olho para os lados me assusto com a quantidade de pessoas que se auto intitulam santos, abençoados, justos e amados pelo simples fato de cumprirem regras e leis, ou por carregarem títulos religiosos...

Não estou aqui para julgar ninguém, mas para dissertar sobre as impressões que tenho colhido ao longo dos meus dias...

É tão triste ver o ritual religioso tomando o lugar das convicções simples, é espantoso observar o cruel pregando o amor, é trágico ver os homens julgando seus semelhantes, é deplorável ver os sacerdotes destilando arrogância...

Otto Maduro disse que “Religião é um conjunto, é um sistema de crenças e práticas que se referem a seres superiores com quem, ou com os quais, desenvolvemos uma relação de obrigações e benefícios”, ou seja, é um estilo de vida baseado em ações religiosas pautadas num sistema de troca: Seu eu faço eu tenho, se não faço Deus não me dá.

E é com essa visão que muitas pessoas tem tocado a vida cristã, vivendo dentro da sua bolha, erguendo suas próprias proteções, formando seus conceitos e estabelecendo padrões que consideram aceitáveis ou não, sem que percebam tais pessoas vão perdendo a essência do evangelho, a fé simples e o amor pelo próximo.

Me indigna ver um religioso que prega o amor mas ofende o homossexual, que prega a generosidade mas fecha sua mão diante do pobre, que se diz humilde mas se levanta contra suas autoridades, que prega o respeito mas denigre o próximo. Mas vai ao culto/missa/reunião/assembléia e bate no peito declarando ser a resposta de Deus nesta terra.

Ninguém é obrigado a declarar ser que não é, ninguém é obrigado a viver aquilo que não acredita, mas se você acredita e declara eu tenho um pedido a fazer, VIVA!

Religião é isso, é pregar e não viver, é crer e não agir, é se auto-intitular e não ser, é cobrar e não fazer, é realizar sem amor, é praticar por obrigação, é menosprezar o menor, é declarar sem acreditar.

A quantidade de pessoas que vivem no piloto automático por conta da religião é assustadora, as pessoas possuem pré – julgamentos prontos, respostas instantâneas, saídas mágicas, métodos infalíveis e orações prontas, todos possuem na ponta da língua a teoria da mudança, da fé, da prosperidade, do casamento, mas poucos são os que vivem os milagres, poucos são os que além da teoria vivem a prática. Falar e não viver é fácil, falar porque eu sei algo é mais fácil ainda... Difícil é viver o seu próprio discurso quando tudo diz que não!

A religião tem esse poder, ela diz às pessoas que elas são super heroínas, ela valoriza o conhecimento mais do que a presença, ela vê o amor sincero como ingenuidade, ela diz que aquele que não age conforme os rituais está fora dos planos de Deus, ela acredita que a fé e o amor a divindade são medidos por aquilo que se faz, ou melhor, pelo quanto se faz e não por aquilo que se sente, se crê e se é.

A religião te faz viver uma vida de medo e de culpa, se não faço serei punido, se não possuo é porque ainda faço pouco. E desesperadamente o religioso se esforça pra arrancar uma benção de Deus, é uma luta diária para se tornar merecedor do favor do Pai e sobressair sobre todos os irmãos.

Acredito que a religião é extremamente perigosa pois tem o poder de endurecer os corações, cauterizar mentes e criar vendas nos olhos, ela leva o religioso a amar mais os rituais, leis e métodos do que o próprio Deus... A religião gera filhos críticos, frios, absolutistas, preconceituosos e intransigentes.

Desculpe-me os religiosos mas a religião não salva, não ajuda, não melhora, não aperfeiçoa... A religião mata, fere, ofende, desfaz, quebra, dizima, rompe. É só analisar a história para comprovar isso.

Nunca houve tantas religiões e tantas guerra... Nunca houve tantas religiões e tanta intolerância.

A religião é a morte do evangelho, o assassinato da fé, o enterro do amor sincero, o sepultamento da verdade.

Do que adianta um povo que vive de ritos, que cumpre tabela, que acredita que já está no céu, que ora de si pra si e se julga melhor que os outros (mesmo que de maneira inconsciente), mas que está distante de sua divindade? (Lucas 18: 10 14) O religioso é assim, bate no peito, ora com maestria, está no templo, segue as regras, é conhecido e muitas vezes alcança vitórias, mas quase sempre está longe D’Aquele que o criou.

Do que vale trabalhar e não sentir? Do que vale pregar e não viver? Do que vale ser sepulcro caiado? Do que vale tantas obras sem fé? Do que vale ser servo e não conhecer o seu senhor?

Na minha caminhada muitas vezes me vi como uma religiosa, me sentia longe de Deus mas estava completamente agarrada a religião, e mesmo sabendo da máxima que “religião não salva ninguém” lá estava eu cumprindo ordens, batendo meu ponto... Até que por diversos motivos entrei em crise e descobri que se quisesse sobreviver eu precisaria abrir mão de tudo que fazia para reencontrar dentro de mim o amor pelo Pai, a chama que arde não porque tenho títulos ou obrigações, mas que arde pelo simples fato de amar a Deus.

Não me arrependo de ter estado a frente de tantos projetos, de ter trabalhado e me empenhado por uma causa e por um chamado, me arrependo de ter olhado pros lados, ter perdido a essência e de maneira quase que inconsciente ter me tornado uma religiosa. Mas também não me arrependo de ter reconhecido esta falha e de estar lutando para melhorar, não me arrependo de estar voltando pro evangelho simples, aquele que você acorda de manhã e ora espontaneamente, aquele que te faz ir ao culto porque verdadeiramente quer adorar, aquele que te faz adorar longos minutos antes de dormir, aquele que te faz abrir a Bíblia e simplesmente chorar...

Estou abrindo mão da religião, das obrigações para reencontrar aquele evangelho puro e ingênuo onde eu simplesmente descansava no amor e na bondade de Deus. Quero ser livre da religião para servir o Pai... Quero me importar com aquilo que realmente pode me levar pra eternidade que é meu relacionamento com Deus e se este relacionamento não estiver intacto de nada vale tanto trabalho, tanto esforço, tanta religião...

Eu prefiro ser um dos malfeitores que estava crucificado ao lado de Jesus e no último minuto reconheceu sua inocência e foi humilde o suficiente para pedir: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” e teve seu pedido atendido, do que permanecer como um fariseu arrogante acreditando que o fato de muito fazer me trará benefícios eternos.

Quero ser livre da religião, livre farisaísmo, livre pra servir, livre para amar, livre para viver.

Estou aprendendo que triste não é voltar atrás e recomeçar... Triste é não reconhecer que é tempo de reconstrução!



quarta-feira, 14 de março de 2012

A minha lista


Todos os anos é assim, quando meu aniversário vai chegando um sentimento nostálgico de reflexão me invade, é como se o piloto automático fosse ligado e de maneira mecânica eu passasse a analisar os últimos 12 meses e nesta semana quando percebi estava de lápis e papel na mão analisando minha vida e fazendo uma lista daquilo que não alcancei, mas que um dia desejei.

Em 26 anos muitas pessoas passaram pela minha vida, vivi situações inusitadas, engraçadas e algumas trágicas, alguns sonhos realizei, já outros estão bem longe de se realizarem, mas o que mais me chama a atenção é como eu mudei...

É engraçado como o tempo tem este poder, o poder de nos mudar e de nos provar que quase nada do que vivemos e sentimos é eterno.

Quantos sonhos eu tinha, sonhos grandes... Sonhava em impactar vários países, ser reconhecida pelo mundo, viajar sem data pra voltar, me aventurar em cada pedacinho do globo, mudar as nações... Hoje luto para fazer do meu mundinho um lugar mais tranqüilo, me esforço para que ao meu redor as coisas sejam mais fáceis e vivo sonhando com dias melhores...

Quantos amigos eu tive, amigos que jurei que fossem pra vida inteira, amigos de dormir na sua casa, comer no seu prato, compartilhar a pasta de dentes, amigos de contar até os segredos mais bobos tendo a certeza que eles nunca iam rir de mim, amigos que topavam qualquer parada, que faziam surpresas e escreviam cartas, que davam abraços sinceros e conselhos sábios... Mas eles se foram! E se foram por diversos motivos uns porque se mudaram de estado, outros porque pisaram feio na bola, alguns porque se casaram, alguns pouco a pouco foram sumindo e quando percebi já havia perdido contato, outros eu julguei de maneira ferrenha e os perdi, mas o fato é que todos se foram... E como sinto falta de cada um! Hoje me vejo cercada de gente, mas não consigo identificar os “amigos verdadeiros”, ou pelo menos não me sinto a vontade pra compartilhar de maneira plena o que penso e sinto. Percebo que hoje sou uma pessoa mais desconfiada, falo pouco de mim e me esforço pra continuar trilhando meu caminho sem maiores decepções e perdas, o fato é que hoje me sinto mais só.

Quantas situações e pessoas eu censurei... Tantas e tantas... Reprovei algumas verbalmente, a grande maioria apenas na mente, e em algumas situações fui levada pela imaturidade a simplesmente julgar sem avaliar tudo o que estava envolvido... E como me arrependo! Olhando pra trás percebo que faria muita coisa diferente, talvez não seria tão radical como fui, talvez ao invés de um duro discurso de adeus eu daria um abraço fraterno de adeus (porque em algumas ocasiões o adeus é inevitável mas ele  pode ser mais singelo e suave), talvez criaria ocasiões pra simplesmente entender o outro melhor, talvez embarcaria na loucura do louco que censurei... Hoje me vejo mais tolerável e flexível, deixei um pouco de lado aquele radicalismo desenfreado, mas ainda há uma briga interna para que eu não passe dos limites e fale tudo que penso, o fato é que sinto que mais perdi do que ganhei no meio de tantos apontamentos e críticas que fiz...

Ah quanta inocência... Que saudade da minha inocência! Antigamente eu confiava 100% nas pessoas, acreditava no amor que nada exige em troca, colocava a minha mão no fogo por alguns e jurava que todos viviam de acordo com seu discurso... Que fantasia, que inocência... Apesar de todas as tapas na cara que a vida me deu por acreditar nessa utopia eu me lembro que essa foi uma fase de alegria e pureza sem fim. Hoje eu desconfio da sombra que me segue, do vendedor que tenta me persuadir a comprar seu produto, do discurso acalorado em cima do púlpito e do gesto de gentileza que nada pede em troca...
Hoje minha vida está tão diferente do que eu pensei... Tantas coisas simplesmente não se encaixaram!
Não, eu não vi só coisas negativas na minha reflexão, e os pontos positivos virão no próximo post, mas observei o óbvio, como o tempo nos muda... Ele cura alguns machucados, estagna algumas situações, nos torna mais habilidosos, traz maturidade, nos faz menos radicais e mais reflexivos, enriquece nossos talentos, nos ensina que o amor não é fala é atitude e nos prova que quase nada é eterno. O tempo é assim, nos aperfeiçoa, mas também nos endurece, nos torna mais sábios, mas também rouba de nós o gosto pelas brincadeiras de criança...

E foi assim pensando no tempo que se passou que me percebi refletindo sobre minha vida, questionando o que se foi e quem se foi, me perguntando acerca dos defeitos que abandonei e dos que adquiri, analisando a transformação vivida nestes 26 anos, e olha que ainda há muita vida pela frente...

A conclusão que cheguei? Percebo que o que tenho feito da minha vida é muito menos do que posso fazer! E neste novo que se inicia pretendo continuar trabalhando para aparar minhas arestas, para me tornar um ser humano mais sábio, para ser uma criança que brinca de ser adulta sem medo de ser feliz, para zelar mais por aquilo que é eterno, para me lançar mais naquilo que desconheço!

Olhar pra trás mostra quão pouco progredi, quão pouco eu andei, evidencia quantos votos foram abandonados e quantos projetos simplesmente não decolaram... Olhar pra trás traz este sentimento de que mudar continua sendo o alvo, se reinventar continua sendo preciso e crer continua sendo a única saída.

É preciso prosseguir mesmo diante de uma lista de derrotas, é preciso caminhar ainda que se tenha a impressão de que não se está saindo do lugar, é preciso acreditar mesmo quando a frustração parece ser rotina, é preciso crer em dias melhores mesmo diante dos milhares de motivos para desistir, é preciso permanecer no caminho mesmo diante dos tentadores, porém enganosos atalhos...

Fazer a minha lista foi assim um misto de alegria com tristeza, um alerta de que muitas coisas se perderam no caminho mas que ainda há tempo de reconquistar algumas, um pequeno susto pois em muitos momentos não me reconheci e tive que vasculhar um mar de emoções pra entender tudo o que se passou...
E depois de tudo, com minha lista nas mãos me tranquei no quarto e escutei uma das minhas músicas prediletas “A Lista” do grande poeta Oswaldo Montenegro, música simples, porém profunda, letra inteligente de frases penetrantes... Depois de tantas reflexões fiz minhas orações e clamei por sabedoria e fé, crendo em um novo ano de transformações reais e doces vitórias.
Assim como fiz nesta semana eu te convido para neste momento escutar este poema em forma de canção e refletir sobre a sua vida fazendo a sua lista...
E aí? Hoje sua vida está do jeito que achou que seria?


sexta-feira, 9 de março de 2012

Deliciosamente Imperfeito


Procura-se um namorado

Sim, você leu certo... PROCURA-SE UM NAMORADO... Difícil é achar!

No mundo dos padrões perfeitos achar o imperfeito que se encaixe perfeitamente em você é travar uma guerra fria com o mundo.

Quero um namorado...

Um namorado que ame sua família, que adore os almoços e jantares animados, o tio metido a engraçado, a vózinha que dorme em meio as conversas e o primo que insiste em contar vantagem.

Um namorado que goste de cinema e séries, que curta num fim de tarde de domingo assistir um DVD em casa e que se encante com os filmes de animação...

Um namorado esforçado que seja um eterno estudante e profissional apaixonado, incansável na sua busca pelo crescimento e plenitude profissional.

Quero um namorado...

Um namorado cheiroso, para que eu possa sempre ter na memória e na pele o seu perfume.

Um namorado bem humorado... Que me perdoe os amargos, mas bom humor é essencial! Um cara que me faça rir do cotidiano, dos clichês da vida, rir do que parece impossível. Mas é bom avisar: Bem humorado não é sinônimo de palhaço.

Um namorado conectado á Deus, um eterno adorador do Criador, homem de fé e temor, um filho, simplesmente um filho de Deus.

Quero um namorado...

Um namorado de caráter íntegro, sem manchas ou situações pendentes, quero acima de tudo um homem de uma só palavra, sem inconstâncias ou ânimo dobre.

Um namorado que surpreenda. Surpreenda por favor! Bilhetinhos na bolsa, chocolate na gaveta, mensagem de voz apaixonada, uma rosa num “dia normal”, um cartão despretensioso, miojo a luz de velas... O importante é surpreender.

Um namorado que goste de ler, que goste de livros e bibliotecas e que no shopping passe pelo menos meia hora dentro de uma livraria.

Quero um namorado...

Um namorado que goste de cachorro, de criança, de bagunça e de inocência.

Um namorado que chore, porque essa história que homem não chora pra mim é balela. Quem não chora é porta... Que ele chore de alegria, que chore de emoção... Mas por favor que não seja um chorão.

Um namorado sem frescuras, que não se importe se está numa festa black tie ou num arraiá caipira, mas que seja alguém sempre simples.

Quero um namorado...

Um namorado que entenda que amor não é descartável, que eu te amo não é bom dia, que beijo na boca não é brincadeira.

Um namorado sério, que assim como eu tenha chegado naquela fase da vida onde tudo o que quer é sinergia, é a certeza de um amor tranqüilo e a alegria de uma amizade verdadeira.

Um namorado que se preocupe mais com aquilo que falo, a maneira que ajo, a intensidade do que sinto, a forma que o trato do que com o tamanho da minha bunda, ou numeração do meu soutien...

Quero um namorado...

Um namorado que odeie palavrões e que não tenha o hábito da linguagem chula, não precisa ser um erudito, mas precisa ser um comunicador respeitável.

Um namorado que goste de iorgute de morango, Coca – Cola, suco de maracujá, Toddy, vitamina de banana com mamão, Schweppes Citrus, café com Leite Ninho e creme de morango. (ok, ok não precisa gostar disso tudo, só não pode querer mudar esses gostos em mim kkkkk).

Um namorado que antes de tudo seja amigo, parceiro mesmo. Aquele que conversa, dá conselho, puxa a orelha, é fiel nos tempos de paz e de guerra, que acredita e te incentiva quando nem você mesmo crê.

Quero um namorado...
E ele não pode ser perfeito!
Um namorado que tenha defeitos, sim, os defeitos são naturais e essenciais para tornar a aventura completa! Ele pode ser do tipo falante, stand-up amador, metido a escritor, amante do futebol, vidrado em video game, "soltador" de pipa, louco por fómula 1 e carros, comentarista esportivo ou político, pode escutar música bem alto...
E pode até parecer estranho, mas não quero que meu namorado seja o mais bonito, o mais rico ou o mais popular, pois se fosse tudo isso eu nem conseguiria me relacionar... Mas busco alguém cuja história fale mais que a aparência, que o desapego ao dinheiro fale mais que sua carteira, cuja simplicidade revele seu caráter, cuja convicção desfaça as incertezas mais bobas, alguém que através de suas palavras e atitudes despertem o melhor que há em mim.

Quero um imperfeito que se encaixe perfeitamente no meu mundo!

Quero um namorado, quero um amigo, quero um abrigo... Simples assim!

E não se preocupe, dou em troca cada vírgula digitada neste texto. =D


Texto postado em homenagem a minha amiga Jaquelino Avelino

terça-feira, 6 de março de 2012

Falácias


Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido. (Provérbios 17:28)

Engraçado, eu sempre escuto algumas pessoas dizendo:

“É hora de falarmos, bradarmos...”

“Não se cale, exponha a verdade...”

“Chegou o tempo de falar, persuadir e convencer...”

Me impressiona a sede de algumas pessoas em simplesmente falar... Falar para ser visto e ouvido, falar para chamar a atenção, falar para fazer parte do grupo dos populares, falar por falar...

Sempre fui falante, segundo alguns colegas eu tomei a pílula da Emília, o fato é que sempre emiti minha opinião e marquei de maneira enfática minha posição diante de diversas situações e por isso fiquei conhecida como: dura, firme, intransigente e muitas vezes radical.

Assim como todos me arrependo de muitas coisas que falei, muitas vezes nem me arrependo do que disse, mas sim da forma como eu disse. Arrependo-me de não ter sido tão clara, ou de ter sido clara demais, de ter usado um tom de voz equivocado ou escolhido a palavra errada... E entre tantos arrependimentos tenho aos poucos aprendido que falar nem sempre é essencial.

Cheguei numa fase da vida que entendi que falar não é tão importante, o essencial é viver o que se fala!

Me cansei das pessoas me mandando bradar, persuadir, convencer, expor algo... Me cansei de ver pessoas adorando, amando, prometendo, fazendo votos, profetizando, conversando sem ter a verdade do que é dito internalizada dentro de si, sem viver o que fala, sem responsabilidade alguma por aquilo que proferem...

Me cansei das pessoas que defendem uma grande causa sem entender sua essência, pessoas que cinco minutos depois de conhecer o outro já dizem eu te amo, pessoas que elogiam com falsidade, pessoas que profetizam sem ao menos saber se o amanhã nascerá, pessoas que por causa dos títulos passam por cima de tudo e todos, pessoas que mentem e prejudicam em nome de suas verdades, pessoas que discorrem sobre a vida dos outros sem cerimônia alguma, pessoas que julgam seu próximo mas estão afundados em pecados maiores, pessoas que falam pra poder viver, pessoas que falam pra sobreviver...   

Cheguei num estágio de cansaço e até mesmo descaso com os faladores... Hoje eu pago pra ver o discurso bonito sendo vivido, a pureza aclamada sendo manifesta nas ações cotidianas, a santidade berrada aos quatro cantos sendo vivida até mesmo nos momentos que ninguém vê, o amor declarado sendo cuidado, o respeito pela história do outro tão divulgado tomando forma nas palavras e expressões diárias.

Não, eu não sou perfeita e passo longe, muito longe disso, mas o ato de falar pra mim se tornou inútil quando em excesso, entendo que palavras valem ouro e não podem ser usadas de qualquer forma, falar é também se responsabilizar, significa em algum grau se tornar uma referência do que foi dito e isso é muito sério!  

Na verdade falar é mais fácil do que fazer, pois exige pouco ou quase nenhum esforço, é muito mais fácil fazer propaganda do que ser. Mas quem disse que a melhor forma de expressão é a fala? O que são palavras quando se pode mostrar o coração?

Quando não puder sorrir, abraçar, olhar, tocar, dar o exemplo, agir conforme o que crê, quando todas as possibilidades de passar uma mensagem ou demonstrar um sentimento tiverem se acabado aí sim fale....

Só fale quando tiver certeza, só fale se for edificar, só fale se puder ajudar ou melhorar, só fale se suas palavras tiverem mais impacto que seu exemplo (coisa que raramente acontece)...

Que a fala seja o último recurso de uma vida que falou por si só, ou o primeiro recurso de uma vida que só fala o que verdadeiramente vive.

E você tem vivido o que declara?

Eu quero ir além, muito além das palavras... E se necessário for me calarei!


segunda-feira, 5 de março de 2012

Esperando e Vivendo

Acredito que uma das coisas mais tristes da vida é quando a alegria da expectativa se torna uma amarga espera.

Esperar nem sempre é fácil, esperar sem se desesperar é mais difícil ainda, pois exige de nós habilidades especiais como: calma, fé, paciência, resiliência e um bom humor fora do normal. A situação se torna crítica quando percebemos que tais habilidades parecem ter data de validade, e no momento em que mais precisamos, elas estão vencidas...

E não tem jeito, muitas coisas não dependem de nós... Depende do amigo ou do inimigo, depende do clima, dos pais, do parceiro, da boa vontade do governo, do patrão. E nessas horas bate uma sensação de impotência...

Esperar sempre me pareceu ficar sentada num banco a mercê de tudo e de todos, apesar de ser paciente esperar pra mim sempre foi uma tortura, sempre me pareceu uma inércia idiota, uma perda de tempo...

Até que aprendi a grande e dura lição: A vida é feita de esperas... E ninguém pode fugir desta lei!

Creio que a grande diferença é esperar com expectativa, com paixão mas acima de tudo continuar vivendo; como uma criança, ela espera e em muitos momentos chora, faz birra, mas não perde o desejo pelo que é esperado e mesmo sem saber se chegará a tê-lo ela continua a brincar, a viver e sorrir...

A vida não acaba na espera, a vida acaba quando tudo gira em torno daquilo que se espera.

O que você espera?

Acalme seu coração, alinhe suas expectativas, trabalhe pelos seus sonhos e não se esqueça que a vida está aí pra ser vivida, enquanto o emprego desejado, o namorado apaixonado e a gorda conta bancária não chegam não deixe de viver... Prove novas comidas, tome banho de chuva, faça novos amigos, pinte um quadro, tente uma receita nova... Espere, mas não vegete!

Em quem você espera? Como espera?
Eu espero em Deus e tenho aprendido a esperar vivendo...

Esperando, porém caminhando, acho que este é o segredo!

A música diz tudo...
Palavrantiga - Esperar é caminhar


Eu cheguei, eu voltei

Há anos atrás criei um blog, mas creio que o fiz influenciada pelo boom da mídia em torno desta ferramenta, o resultado é que o negócio simplesmente não fluiu, o blog foi abandonado e apagado da minha memória (pasmem eu não lembro nem o título).

Hoje começo outro blog, com a pretensão de simplesmente escrever, desabafar, sonhar mas acima de tudo explorar os minúsculos retalhos das impressões que colho da vida.

Não sou escritora, não busco seguidores, nem sei como se faz para atrair as pessoas pra cá, mais uma coisa é certa: só escreverei quando tiver vontade e só expressarei aquilo que brotar do meu coração, portanto a minha verdade e os meus equívocos estarão aqui.

Meu desejo? Que o blog seja um recomeço, um sinal de dias melhores, brisas suaves, de interessantes descobertas, de auto-conhecimento e deliciosos encontros.
Que este blog seja a porta aberta, a volta das reflexões e dos questionamentos, a expressão do que foi, do que é e do pode ser...

Como diz o grande poeta:

"Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei pr'as coisas
Que eu deixei
Eu voltei!..."
(O portão - Roberto Carlos)