Até o tolo, quando se
cala, é reputado por sábio; e o que cerra os seus lábios é tido por entendido. (Provérbios
17:28)
Engraçado, eu sempre escuto
algumas pessoas dizendo:
“É hora de falarmos, bradarmos...”
“Não se cale, exponha a verdade...”
“Chegou o tempo de falar,
persuadir e convencer...”
Me impressiona a sede de algumas
pessoas em simplesmente falar... Falar para ser visto e ouvido, falar para
chamar a atenção, falar para fazer parte do grupo dos populares, falar por
falar...
Sempre fui falante, segundo alguns
colegas eu tomei a pílula da Emília, o fato é que sempre emiti minha opinião e
marquei de maneira enfática minha posição diante de diversas situações e por
isso fiquei conhecida como: dura, firme, intransigente e muitas vezes radical.
Assim como todos me arrependo de
muitas coisas que falei, muitas vezes nem me arrependo do que disse, mas sim da
forma como eu disse. Arrependo-me de não ter sido tão clara, ou de ter sido
clara demais, de ter usado um tom de voz equivocado ou escolhido a palavra
errada... E entre tantos arrependimentos tenho aos poucos aprendido que falar
nem sempre é essencial.
Cheguei numa fase da vida que
entendi que falar não é tão importante, o essencial é viver o que se fala!
Me cansei das pessoas me mandando
bradar, persuadir, convencer, expor algo... Me cansei de ver pessoas adorando,
amando, prometendo, fazendo votos, profetizando, conversando sem ter a verdade
do que é dito internalizada dentro de si, sem viver o que fala, sem
responsabilidade alguma por aquilo que proferem...
Me cansei das pessoas que defendem
uma grande causa sem entender sua essência, pessoas que cinco minutos depois de
conhecer o outro já dizem eu te amo, pessoas que elogiam com falsidade, pessoas
que profetizam sem ao menos saber se o amanhã nascerá, pessoas que por causa
dos títulos passam por cima de tudo e todos, pessoas que mentem e prejudicam em
nome de suas verdades, pessoas que discorrem sobre a vida dos outros sem
cerimônia alguma, pessoas que julgam seu próximo mas estão afundados em pecados
maiores, pessoas que falam pra poder viver, pessoas que falam pra sobreviver...
Cheguei num estágio de cansaço e
até mesmo descaso com os faladores... Hoje eu pago pra ver o discurso bonito
sendo vivido, a pureza aclamada sendo manifesta nas ações cotidianas, a
santidade berrada aos quatro cantos sendo vivida até mesmo nos momentos que
ninguém vê, o amor declarado sendo cuidado, o respeito pela história do outro
tão divulgado tomando forma nas palavras e expressões diárias.
Não, eu não sou perfeita e passo
longe, muito longe disso, mas o ato de falar pra mim se tornou inútil quando em
excesso, entendo que palavras valem ouro e não podem ser usadas de qualquer
forma, falar é também se responsabilizar, significa em algum grau se tornar
uma referência do que foi dito e isso é muito sério!
Na verdade falar é mais fácil do
que fazer, pois exige pouco ou quase nenhum esforço, é muito mais fácil fazer
propaganda do que ser. Mas quem disse que a melhor forma de expressão é a fala?
O que são palavras quando se pode mostrar o coração?
Quando não puder sorrir, abraçar,
olhar, tocar, dar o exemplo, agir conforme o que crê, quando todas as
possibilidades de passar uma mensagem ou demonstrar um sentimento tiverem se
acabado aí sim fale....
Só fale quando tiver certeza, só
fale se for edificar, só fale se puder ajudar ou melhorar, só fale se suas
palavras tiverem mais impacto que seu exemplo (coisa que raramente acontece)...
Que a fala seja o último recurso
de uma vida que falou por si só, ou o primeiro recurso de uma vida que só fala
o que verdadeiramente vive.
E você tem vivido o que declara?
Eu quero ir além, muito além das
palavras... E se necessário for me calarei!
Um comentário:
Tomo essas palavras de hoje para mim que já completei 52 anos e agora estou aprendendo que calara é o mais prudente...
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