sábado, 17 de março de 2012

Religião Mata!


É incrível como as pessoas tem se agarrado á religião e deixado de viver o verdadeiro evangelho, sempre que olho para os lados me assusto com a quantidade de pessoas que se auto intitulam santos, abençoados, justos e amados pelo simples fato de cumprirem regras e leis, ou por carregarem títulos religiosos...

Não estou aqui para julgar ninguém, mas para dissertar sobre as impressões que tenho colhido ao longo dos meus dias...

É tão triste ver o ritual religioso tomando o lugar das convicções simples, é espantoso observar o cruel pregando o amor, é trágico ver os homens julgando seus semelhantes, é deplorável ver os sacerdotes destilando arrogância...

Otto Maduro disse que “Religião é um conjunto, é um sistema de crenças e práticas que se referem a seres superiores com quem, ou com os quais, desenvolvemos uma relação de obrigações e benefícios”, ou seja, é um estilo de vida baseado em ações religiosas pautadas num sistema de troca: Seu eu faço eu tenho, se não faço Deus não me dá.

E é com essa visão que muitas pessoas tem tocado a vida cristã, vivendo dentro da sua bolha, erguendo suas próprias proteções, formando seus conceitos e estabelecendo padrões que consideram aceitáveis ou não, sem que percebam tais pessoas vão perdendo a essência do evangelho, a fé simples e o amor pelo próximo.

Me indigna ver um religioso que prega o amor mas ofende o homossexual, que prega a generosidade mas fecha sua mão diante do pobre, que se diz humilde mas se levanta contra suas autoridades, que prega o respeito mas denigre o próximo. Mas vai ao culto/missa/reunião/assembléia e bate no peito declarando ser a resposta de Deus nesta terra.

Ninguém é obrigado a declarar ser que não é, ninguém é obrigado a viver aquilo que não acredita, mas se você acredita e declara eu tenho um pedido a fazer, VIVA!

Religião é isso, é pregar e não viver, é crer e não agir, é se auto-intitular e não ser, é cobrar e não fazer, é realizar sem amor, é praticar por obrigação, é menosprezar o menor, é declarar sem acreditar.

A quantidade de pessoas que vivem no piloto automático por conta da religião é assustadora, as pessoas possuem pré – julgamentos prontos, respostas instantâneas, saídas mágicas, métodos infalíveis e orações prontas, todos possuem na ponta da língua a teoria da mudança, da fé, da prosperidade, do casamento, mas poucos são os que vivem os milagres, poucos são os que além da teoria vivem a prática. Falar e não viver é fácil, falar porque eu sei algo é mais fácil ainda... Difícil é viver o seu próprio discurso quando tudo diz que não!

A religião tem esse poder, ela diz às pessoas que elas são super heroínas, ela valoriza o conhecimento mais do que a presença, ela vê o amor sincero como ingenuidade, ela diz que aquele que não age conforme os rituais está fora dos planos de Deus, ela acredita que a fé e o amor a divindade são medidos por aquilo que se faz, ou melhor, pelo quanto se faz e não por aquilo que se sente, se crê e se é.

A religião te faz viver uma vida de medo e de culpa, se não faço serei punido, se não possuo é porque ainda faço pouco. E desesperadamente o religioso se esforça pra arrancar uma benção de Deus, é uma luta diária para se tornar merecedor do favor do Pai e sobressair sobre todos os irmãos.

Acredito que a religião é extremamente perigosa pois tem o poder de endurecer os corações, cauterizar mentes e criar vendas nos olhos, ela leva o religioso a amar mais os rituais, leis e métodos do que o próprio Deus... A religião gera filhos críticos, frios, absolutistas, preconceituosos e intransigentes.

Desculpe-me os religiosos mas a religião não salva, não ajuda, não melhora, não aperfeiçoa... A religião mata, fere, ofende, desfaz, quebra, dizima, rompe. É só analisar a história para comprovar isso.

Nunca houve tantas religiões e tantas guerra... Nunca houve tantas religiões e tanta intolerância.

A religião é a morte do evangelho, o assassinato da fé, o enterro do amor sincero, o sepultamento da verdade.

Do que adianta um povo que vive de ritos, que cumpre tabela, que acredita que já está no céu, que ora de si pra si e se julga melhor que os outros (mesmo que de maneira inconsciente), mas que está distante de sua divindade? (Lucas 18: 10 14) O religioso é assim, bate no peito, ora com maestria, está no templo, segue as regras, é conhecido e muitas vezes alcança vitórias, mas quase sempre está longe D’Aquele que o criou.

Do que vale trabalhar e não sentir? Do que vale pregar e não viver? Do que vale ser sepulcro caiado? Do que vale tantas obras sem fé? Do que vale ser servo e não conhecer o seu senhor?

Na minha caminhada muitas vezes me vi como uma religiosa, me sentia longe de Deus mas estava completamente agarrada a religião, e mesmo sabendo da máxima que “religião não salva ninguém” lá estava eu cumprindo ordens, batendo meu ponto... Até que por diversos motivos entrei em crise e descobri que se quisesse sobreviver eu precisaria abrir mão de tudo que fazia para reencontrar dentro de mim o amor pelo Pai, a chama que arde não porque tenho títulos ou obrigações, mas que arde pelo simples fato de amar a Deus.

Não me arrependo de ter estado a frente de tantos projetos, de ter trabalhado e me empenhado por uma causa e por um chamado, me arrependo de ter olhado pros lados, ter perdido a essência e de maneira quase que inconsciente ter me tornado uma religiosa. Mas também não me arrependo de ter reconhecido esta falha e de estar lutando para melhorar, não me arrependo de estar voltando pro evangelho simples, aquele que você acorda de manhã e ora espontaneamente, aquele que te faz ir ao culto porque verdadeiramente quer adorar, aquele que te faz adorar longos minutos antes de dormir, aquele que te faz abrir a Bíblia e simplesmente chorar...

Estou abrindo mão da religião, das obrigações para reencontrar aquele evangelho puro e ingênuo onde eu simplesmente descansava no amor e na bondade de Deus. Quero ser livre da religião para servir o Pai... Quero me importar com aquilo que realmente pode me levar pra eternidade que é meu relacionamento com Deus e se este relacionamento não estiver intacto de nada vale tanto trabalho, tanto esforço, tanta religião...

Eu prefiro ser um dos malfeitores que estava crucificado ao lado de Jesus e no último minuto reconheceu sua inocência e foi humilde o suficiente para pedir: “Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” e teve seu pedido atendido, do que permanecer como um fariseu arrogante acreditando que o fato de muito fazer me trará benefícios eternos.

Quero ser livre da religião, livre farisaísmo, livre pra servir, livre para amar, livre para viver.

Estou aprendendo que triste não é voltar atrás e recomeçar... Triste é não reconhecer que é tempo de reconstrução!



3 comentários:

Anônimo disse...

Palavras cheias de sabedoria, traduz o que vai no interior de muitos cristãos e na busca incessante pelo Criador. Nem tudo está perdido.
Tatiane.

Bel disse...

Mi, que texto inspirador...

Voltar a essência...
Obrigada por compartilhar algo tão profundo e sincero, que de fato é a vontade do Pai.

Beijos

Anônimo disse...

Parabéns pelas palavras tão poucas, mas tão bem colocadas. Com verdade e singeleza.

Nele, que nos fez um em consciência e bem querer e absolutamente sem religião.