Hoje quero falar sobre algo bem
simples: “Todos nós passaremos por uma crise de fé”, sim, isso é fato, todos
nós em algum momento passaremos por conflitos que vão atingir diretamente nossas
convicções com diversas perguntas, e haverá um determinado momento em que os
clichês religiosos não suprirão mais as nossas inquietações... Essa crise de fé
não é sinônimo de rebeldia (apesar de alguns religiosos julgarem desta maneira),
o cansaço, a vontade de desistir, o desânimo é algo natural, faz parte da
caminhada de quem deseja a eternidade... Em algum momento na batalha da fé nós
vamos nos ferir e precisar de cuidados, cuidados estes que homem nenhum pode
dar, são cuidados celestiais, remédios que só podem vir das mãos do próprio
Deus.
Mas quem disse que por estar numa
crise de fé a presença de Deus se foi? Quem
disse que conflito interno significa que não há amor a Deus?
Tenho aprendido que Deus continua
caminhando comigo mesmo quando não consigo perceber a Sua presença, que Ele não
abandona nenhum de seus filhos seja qual for o tamanho da crise, acredito na
presença divina mesmo que silenciosa e quieta em cada segundo na vida daqueles
que O amam, não importa se estamos no barco agitado pelas ondas, ou dispersos
no caminho, não importa se há espinhos na carne ou se não conseguimos entender
as decisões e o tempo divino... Independente de tudo isso Ele continua nos
amando e apostando todas as fichas em nós!
Não estou dizendo que pelo fato de você ter uma crise de fé deve
abandonar seu chamado, parar de liderar ou deixar de lado suas atividades... O
que quero dizer é que não devemos fazer de conta que a crise não existe ou simplesmente
fingir que não temos questionamentos por medo de enfrentar a nossa fraqueza e principalmente as pessoas.
Somos humanos e Deus sabe muito bem disso, nossa natureza é frágil e falha, há
sobre a nós a imperfeição da dúvida e é por isso que precisamos de Deus, deste
ser superior que realiza o impossível; portanto não precisamos camuflar nossos
conflitos, fingir que somos super heróis, fazer de conta que não possuímos questionamentos,
afinal depender da Divindade é isso, é reconhecer nossa pequinês, é lançar
nossas ansiedades e dúvidas N’Ele, é manter um relacionamento sincero, é pedir
socorro quando necessário.
A crise existencial ou a crise da
fé (seja lá qual for a sua crise) virá para todos e neste momento é preciso
calma e sabedoria, desistir não é melhor opção, creio que a melhor saída é
encarar a crise de frente, é dar oportunidade a si mesmo para conhecer o seu
coração e compreender o porquê de querer abandonar tudo...
Hoje entendo que há momentos na
vida em que é preciso desconstruir pra continuar, parar para poder prosseguir,
é preciso desfazer as projeções místicas para encontrar a simplicidade, quebrar
antigos conceitos para adquirir uma nova mente, é preciso se aquietar para
ouvir, é preciso recomeçar para viver, é preciso fazer como a águia: respirar
fundo, se isolar de tudo, subir ao monte e se “desmontar”, arrancar penas,
bico, realinhar sua visão, encarar de frente sua crise e mudar.
Muitos preferem continuar andando
mesmo duvidando, continuar discursando mesmo não concordando, continuar agindo
como se a crise da fé fosse um pecado mortal, ou fingindo que a mesma não
existe... Eu acredito que o maior medo das pessoas é admitir sua crise de fé e
ser rotulado, julgado ou menosprezado pelos outros, afinal o que se espera daquele
que crê é convicção e fé inabaláveis, por isso muitos acabam camuflando seus
sentimentos e questionamentos e escondendo até mesmo de Deus a sua sede por
respostas.
Na crise da fé só há três
caminhos: Ou o indivíduo abandona a fé e se entrega ao ateísmo e pessimismo, ou
finge que é um super herói e continua caminhando com seus questionamentos camuflados
alimentando a projeção de que é um ser perfeito, ou então encara suas
fragilidades e assume que assim como qualquer outro em alguns momentos duvida, tem
vontade de largar tudo, chora e possui conflitos.
Ao invés de abandonar a fé e
desistir de caminhar com o Senhor ou manter uma pose zelando por uma imagem
enganosa eu fiz uma opção, eu decidi ser honesta comigo e com Deus, decidi encarar
todas as minhas perguntas conflitos e dúvidas, e admiti que estava numa crise
de fé, e coloquei essa crise diante de Deus. Confesso que pensei em desistir de
tudo, da fé, da Divindade, do chamado, durante algum tempo me culpei por ter
tantas dúvidas e me julguei por isso, e quase, mas quase mesmo entrei pelo
caminho do suicídio espiritual...
Mas eu percebi algo, Deus nunca
abandonou ou menosprezou nenhum dos seus por causa de questionamentos, lamentos
e conflitos, olhe para Davi quantos salmos ele questiona aqueles que se
levantaram contra ele, quantos salmos são verdadeiros pedidos de socorro,
quantos textos indagando a demora da justiça de Deus... Olhe para Jó se
lamentando sem entender o porquê sua vida tinha tomado um rumo tão trágico, chegando
até mesmo a amaldiçoar o dia em que nasceu, um livro que mostrou a humanidade
de um homem que era “íntegro e reto, temente a Deus e que se desviava do mal”
(Jó 1:1) mas que passou por uma crise de fé. Olhe para Jeremias quantas dúvidas
e questionamentos ele teve, quantas vezes rios de lágrimas correram em seu
rosto; olhe para Jonas que foi escolhido por Deus para uma missão mas teve uma
crise de fé e se desviou do caminho, olhe para Pedro cujo medo foi maior que a
fé e acabou negando o Mestre três vezes, que quase se afogou mas foi resgatado
por Jesus... Nenhum deles foi ignorado ou menosprezado pelo Criador.
O que nos faz prevalecer é crer
que Deus continua conosco, Ele não muda porque nós mudamos, e se mudamos de maneira equivocada Ele é capaz de nos aprumar, é preciso continuar
a caminhada enfrentando os conflitos de maneira honesta e entregar cada
pergunta e sentimento a Deus, é preciso se permitir passar pela crise e vencê-la,
é na nossa fraqueza que virá a força, é na nossa dúvida que virá a resposta, é
na nossa imperfeição que virá o perfeito, é na nossa angústia que virá a paz
que excede todo entendimento, é na nossa humanidade que virá o divino, o milagre.
Hoje eu te convido a enfrentar seus
questionamentos, admitir suas fraquezas, a enxergar a sua crise como uma fase
de aprendizado, te convido a se reconhecer humano, pequeno e frágil e se
preciso for recomece, mas não pare!
Passe para o próximo nível, não
desista! Ainda tem muito mais!
Um comentário:
Rico texto
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