É incrível como as
pessoas tem se agarrado á religião e deixado de viver o verdadeiro evangelho,
sempre que olho para os lados me assusto com a quantidade de pessoas que se
auto intitulam santos, abençoados, justos e amados pelo simples fato de
cumprirem regras e leis, ou por carregarem títulos religiosos...
Não estou aqui para
julgar ninguém, mas para dissertar sobre as impressões que tenho colhido ao
longo dos meus dias...
É tão triste ver o ritual
religioso tomando o lugar das convicções simples, é espantoso observar o cruel
pregando o amor, é trágico ver os homens julgando seus semelhantes, é deplorável
ver os sacerdotes destilando arrogância...
Otto Maduro disse que “Religião
é um conjunto, é um sistema de crenças e práticas que se referem a seres
superiores com quem, ou com os quais, desenvolvemos uma relação de obrigações e
benefícios”, ou seja, é um estilo de vida baseado em ações religiosas pautadas
num sistema de troca: Seu eu faço eu tenho, se não faço Deus não me dá.
E é com essa visão que
muitas pessoas tem tocado a vida cristã, vivendo dentro da sua bolha, erguendo
suas próprias proteções, formando seus conceitos e estabelecendo padrões que
consideram aceitáveis ou não, sem que percebam tais pessoas vão perdendo a essência
do evangelho, a fé simples e o amor pelo próximo.
Me indigna ver um
religioso que prega o amor mas ofende o homossexual, que prega a generosidade mas
fecha sua mão diante do pobre, que se diz humilde mas se levanta contra suas
autoridades, que prega o respeito mas denigre o próximo. Mas vai ao
culto/missa/reunião/assembléia e bate no peito declarando ser a resposta de
Deus nesta terra.
Ninguém é obrigado a
declarar ser que não é, ninguém é obrigado a viver aquilo que não acredita, mas
se você acredita e declara eu tenho um pedido a fazer, VIVA!
Religião é isso, é pregar
e não viver, é crer e não agir, é se auto-intitular e não ser, é cobrar e não
fazer, é realizar sem amor, é praticar por obrigação, é menosprezar o menor, é
declarar sem acreditar.
A quantidade de pessoas
que vivem no piloto automático por conta da religião é assustadora, as pessoas
possuem pré – julgamentos prontos, respostas instantâneas, saídas mágicas, métodos
infalíveis e orações prontas, todos possuem na ponta da língua a teoria da mudança,
da fé, da prosperidade, do casamento, mas poucos são os que vivem os milagres,
poucos são os que além da teoria vivem a prática. Falar e não viver é fácil,
falar porque eu sei algo é mais fácil ainda... Difícil é viver o seu próprio
discurso quando tudo diz que não!
A religião tem esse
poder, ela diz às pessoas que elas são super heroínas, ela valoriza o conhecimento
mais do que a presença, ela vê o amor sincero como ingenuidade, ela diz que
aquele que não age conforme os rituais está fora dos planos de Deus, ela acredita
que a fé e o amor a divindade são medidos por aquilo que se faz, ou melhor,
pelo quanto se faz e não por aquilo que se sente, se crê e se é.
A religião te faz viver
uma vida de medo e de culpa, se não faço serei punido, se não possuo é porque
ainda faço pouco. E desesperadamente o religioso se esforça pra arrancar uma
benção de Deus, é uma luta diária para se tornar merecedor do favor do Pai e
sobressair sobre todos os irmãos.
Acredito que a religião é
extremamente perigosa pois tem o poder de endurecer os corações, cauterizar
mentes e criar vendas nos olhos, ela leva o religioso a amar mais os rituais,
leis e métodos do que o próprio Deus... A religião gera filhos críticos, frios,
absolutistas, preconceituosos e intransigentes.
Desculpe-me os religiosos
mas a religião não salva, não ajuda, não melhora, não aperfeiçoa... A religião
mata, fere, ofende, desfaz, quebra, dizima, rompe. É só analisar a história
para comprovar isso.
Nunca houve tantas
religiões e tantas guerra... Nunca houve tantas religiões e tanta intolerância.
A religião é a morte do
evangelho, o assassinato da fé, o enterro do amor sincero, o sepultamento da verdade.
Do que adianta um povo
que vive de ritos, que cumpre tabela, que acredita que já está no céu, que ora
de si pra si e se julga melhor que os outros (mesmo que de maneira inconsciente),
mas que está distante de sua divindade? (Lucas 18: 10 14) O religioso é assim,
bate no peito, ora com maestria, está no templo, segue as regras, é conhecido e
muitas vezes alcança vitórias, mas quase sempre está longe D’Aquele que o
criou.
Do que vale trabalhar e
não sentir? Do que vale pregar e não viver? Do que vale ser sepulcro caiado? Do
que vale tantas obras sem fé? Do que vale ser servo e não conhecer o seu
senhor?
Na minha caminhada muitas
vezes me vi como uma religiosa, me sentia longe de Deus mas estava
completamente agarrada a religião, e mesmo sabendo da máxima que “religião não
salva ninguém” lá estava eu cumprindo ordens, batendo meu ponto... Até que por
diversos motivos entrei em crise e descobri que se quisesse sobreviver eu
precisaria abrir mão de tudo que fazia para reencontrar dentro de mim o amor
pelo Pai, a chama que arde não porque tenho títulos ou obrigações, mas que arde
pelo simples fato de amar a Deus.
Não me arrependo de ter
estado a frente de tantos projetos, de ter trabalhado e me empenhado por uma
causa e por um chamado, me arrependo de ter olhado pros lados, ter perdido a essência
e de maneira quase que inconsciente ter me tornado uma religiosa. Mas também
não me arrependo de ter reconhecido esta falha e de estar lutando para melhorar,
não me arrependo de estar voltando pro evangelho simples, aquele que você
acorda de manhã e ora espontaneamente, aquele que te faz ir ao culto porque
verdadeiramente quer adorar, aquele que te faz adorar longos minutos antes de
dormir, aquele que te faz abrir a Bíblia e simplesmente chorar...
Estou abrindo mão da
religião, das obrigações para reencontrar aquele evangelho puro e ingênuo onde
eu simplesmente descansava no amor e na bondade de Deus. Quero ser livre da religião
para servir o Pai... Quero me importar com aquilo que realmente pode me levar
pra eternidade que é meu relacionamento com Deus e se este relacionamento não
estiver intacto de nada vale tanto trabalho, tanto esforço, tanta religião...
Eu prefiro ser um dos
malfeitores que estava crucificado ao lado de Jesus e no último minuto
reconheceu sua inocência e foi humilde o suficiente para pedir: “Jesus,
lembra-te de mim quando vieres no teu reino” e teve seu pedido atendido, do que
permanecer como um fariseu arrogante acreditando que o fato de muito fazer me trará
benefícios eternos.
Quero ser livre da
religião, livre farisaísmo, livre pra servir, livre para amar, livre para viver.
Estou aprendendo que triste
não é voltar atrás e recomeçar... Triste é não reconhecer que é tempo de
reconstrução!
3 comentários:
Palavras cheias de sabedoria, traduz o que vai no interior de muitos cristãos e na busca incessante pelo Criador. Nem tudo está perdido.
Tatiane.
Mi, que texto inspirador...
Voltar a essência...
Obrigada por compartilhar algo tão profundo e sincero, que de fato é a vontade do Pai.
Beijos
Parabéns pelas palavras tão poucas, mas tão bem colocadas. Com verdade e singeleza.
Nele, que nos fez um em consciência e bem querer e absolutamente sem religião.
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