quarta-feira, 25 de abril de 2012

Eternizando o passageiro

Um jantar, uma frase, um toque, um olhar... 
Você já parou para pensar na quantidade de ações ou situações que já tentou eternizar?
O ser humano, em especial as mulheres, tem essa tendência de buscar eternizar os momentos, as sensações e os sentimentos, porém é preciso compreender que dependendo da situação este tipo de atitude pode ser negativa para a própria pessoa e para aqueles que a rodeiam.
As pessoas que me conhecem de fato sabem que não possuo uma visão romântica da vida, muito pelo contrário sempre fui muito racional, mas assim como a maioria vira e mexe eu caio nessa pegadinha de buscar eternizar aquilo que é passageiro, creio que estender as situações e petrificar o momento seja uma espécie de defesa do ser humano, fazemos isso para nos proteger da perda, da dor, do medo.
Mas e quando isso se torna um problema?
Quantas pessoas vivem apegadas ao que já se foi, a situações já definidas, a momentos anteriores ao presente que em nada acrescentam, me impressiona a quantidade de pessoas que literalmente estão agarradas a um instante de sua história fazendo questão de salientar o pequeno ponto vivido e esquecendo de se deliciar com o hoje.
O que percebo é que muitos estão complicando a vida, ao não abrir mão do passado para viver o presente.
Ora a vida é uma sucessão de situações composta por inúmeras fases e batalhas, e cabe a cada um encarar seus sucessos e insucessos da melhor maneira possível, afinal diante da caminhada diversos obstáculos surgirão e com eles várias perdas, perdas de relacionamentos, dinheiro, afeto, sensações, emprego... Saber perder e superar as mesmas faz parte do processo evolutivo de cada ser humano, e este caminho de perdas ninguém pode evitar.
É preciso se reconhecer perdedor para poder viver, a vida só continua quando se abre mão do que passou e se encara de frente os desafios que estão por vir. 
Todos nós temos nossos dilemas pessoais (dúvidas, medos, arrependimentos, amores não correspondidos, frustrações, saudades, complexos, sonhos não realizados...) mas nenhum deles devem nos assustar a tal ponto que nos travem na caminhada.
Tenho aprendido que nenhum sabor ou dissabor deve ofuscar o sentido da vida, o emprego que não veio, a relação que se rompeu, o beijo dado, o olhar trocado, as ofensas ditas... Tudo já passou, portanto tudo deve ser "sepultado", é claro que você não vai perder a memória, mas no mínimo deve deixar o passado no lugar dele, e não se prender á estação já findada.
Na vida é assim, o tempo não passa, quem passa somos nós. Ou vivemos o hoje construindo o amanhã, ou viveremos o passado projetando o ontem e eternizando o que não pode ser alterado...
Se dê a chance de construir, erguer, criar novas possibilidades... Abandone aquilo que não alimenta sua felicidade, que suga sua fé, extingua o passado mal resolvido e destrua todos os sentimentos e pensamentos que eternizam o passageiro e te prendem ao passado. Não meça a sua vida pelo que passou ou pelo que não aconteceu ainda, se abra para novas possibilidades e se lance no futuro sem medo de ser feliz.
Como diz o Pe. Fábio de Melo "Você não deve insistir em aprisionar o que não é seu, reter o que não existe mais, o que já se foi, o que já morreu, o que já partiu."
Acredite, há muito mais do que já passou! Eu creio...
Sim, eu acredito em felizes para sempre, mas também acredito que nada deve ofuscar o sentido da vida, se não deu certo passe para a próxima página e continue prosseguindo para o alvo. Não fique eternizando o que é passageiro, e não se iluda, o para sempre é feito todos os dias.
Prossiga mesmo em meio a escuridão, continue mesmo diante da morte, existe uma eternidade a ser conquistada e ela não está aqui nesta terra... Sorria, N'Ele tudo se fez novo!



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Saudades do meu futuro

Hoje conversando com um grupo de colegas compartilhávamos sobre nossas vidas em especial a época da infância, com os olhos brilhando muitos deles dissertavam sobre as melhores brincadeiras de rua, os medos e as traquinagens típicas das crianças. Como é bom poder lembrar do que se passou, dá uma sensação gostosa de saudade né? Mentalmente retrocedemos no tempo e nosso coração suspira por aqueles dias onde tudo era fantasia e alegria. 

Alguns minutos depois da animada conversa sobre o passado me peguei pensando no futuro e confesso que pela primeira vez tive a deliciosa experiência de sentir muito mais saudades do meu futuro do que do meu passado... 

Diferente de muitas pessoas eu tenho uma ótima relação com meu passado, tive uma infância maravilhosa, e minha juventude está sendo bem tranquila, tive sim meus momentos de arrependimento, muitas vezes falei o que não devia, tive amigos que não deveriam ter passado pela minha vida (pena que cheguei a esta conclusão tarde demais), tomei decisões precipitadas, desisti quando deveria ter insistido um pouco mais e acreditado menos em alguns. Mas tenho aprendido algo muito sério no longo da caminhada, é que o meu passado me pertence, mas não me domina; o passado já foi escrito e não vai mudar, portanto decidi que quando questionarem o meu passado eu serei curta e clara: "Eu não vivo mais lá" e continuarei me aperfeiçoando hoje e construindo meu futuro. 

Mas voltando ao ponto, de repente me vi sentada na cadeira morrendo de saudades do meu futuro, saudades daquilo que não vivi. 

Fechei os meus olhos e comecei a pensar em quantas pessoas ainda vou conhecer gente engraçada, mal humorada, decidida, desorganizada, metódica, inteligente, determinada, doida, humilde, amorosa, prepotente, contadores de história (quantos Forrest Gump passarão por mim? Esta é a classe de pessoas que mais gosto rsrs)... Imaginei quantas figuras ainda passarão ao meu lado e quantas marcarão a minha história.

Senti imensas saudades dos caminhos que ainda não explorei, me peguei imaginando os lugares que ainda quero conhecer: Havaí, Israel, Grécia, EUA, Canadá, Malásia, Índia, Rússia ... E sabores? Ah quantos sabores eu desconheço... Comida irlandesa, finlandesa, egípcia os pratos típicos da Groenlândia, de Madagascar e Alasca mesmo sem conhecer nenhum destes sabores minha boca se enche de desejo... 

Senti saudades do amor que não tive, dos beijos que não dei, do casamento que ainda virá, senti saudades das surpresas que farei para o meu amado e dos filminhos debaixo do edredom, me vi sentada no chão brincando com meus filhos, fazendo uma lasanha pra almoçar num domingo, me vi desesperada na arquibancada gritando no jogo de volêi da minha filha... (Sim, vou ser mãe coruja!), até me vi trocando fraldas... rsrs 

Quantas saudades dos livros que ainda vou ler, ah e são tantos, fechei os meus olhos e imaginei minha linda biblioteca com livros de diversos autores perfeitamente encaixados nas prateleiras de madeira... Me vi sentada numa linda poltrona lendo clássicos da literatura brasileira e descobrindo as delicias da literatura contemporânea. 

E Deus? Nossa quantas saudades senti do relacionamento maravilhoso que teremos, me vi com o coração cheio de amor pela Divindade eterna e suprema, senti saudades da relação pessoal e inquebrável que teremos, saudades da paz em servir a Ele sem peso ou dúvidas. Tive saudades do céu, de sentar no colo do Pai e simplesmente descansar... 

E as reuniões familiares? Me deliciei vendo as confraternizações que ainda acontecerão, os almoços e jantares, os natais e viradas de ano animadas como só nós sabemos fazer, me vi rindo com minhas primas, abraçando meus tios e brincando com as crianças. 

Senti saudades da minha profissão, dos cargos que ainda vou ocupar, das equipes que ainda vou gerir, das empresas que ajudarei a transformar... Saudades dos cursos de especialização que ainda vou fazer, das aulas e palestras que darei, do conhecimento que adquirirei. 

E foi assim, sentada numa cadeira que em poucos minutos viajei o mundo e me deliciei naquilo que somente o presente é capaz de construir e só o futuro pode trazer. Fechei os meus olhos e percebi há muito mais para ser vivido, tocado, visto e é para lá que eu quero ir! 

Mas como pode alguém ter saudade daquilo que ainda não existiu? Não sei te explicar, mas uma coisa é fato, hoje sinto mais falta daquilo que ainda não aconteceu, das páginas que ainda não foram escritas, do por vir revelado em pensamento e sonhado com o coração. 

Estou consciente do meu passado, vivendo o meu presente mas já morrendo de saudades do meu futuro.
Decidi arriscar mais, sair da caixinha, me desprender do que estava me magoando e viver o que me é proposto ser vivido. Não anulei o passado, não estou me esquecendo do presente mas a frase que mais pulsa em meu peito hoje é: Chega logo futuro. 

A DOR DO NÃO VIVIDO
(Carlos Drummond de Andrade)
 ...
 Como aliviar a dor do que não foi vivido?
 A resposta é simples como um verso:
 Se iludindo menos e vivendo mais!!!
 A cada dia que vivo,
 mais me convenço de que o
 desperdício da vida
 está no amor que não damos,
 nas forças que não usamos,
 na prudência egoísta que nada arrisca,
 e de que, esquivando-se do sofrimento,
 perdemos também a felicidade.
 A dor é inevitável.
 O sofrimento é opcional.
________________________________________

E você tem saudades do seu futuro?





domingo, 15 de abril de 2012

A ilusão dos religiosos

Diante dos escândalos envolvendo pastores que abalaram o cenário evangélico no Brasil (mais uma vez) eu acabei me pegando refletindo sobre o poder degenerativo da religião. 

Todos nós já sabemos que seguir uma religião não nos faz necessariamente filhos de Deus, assim como também não seguir uma religião não nos faz filhos de Deus. O caminho para se chegar a Deus é simples, porém exige um coração disposto, rendido e aliançado ao Evangelho.
De nada adianta doar fortunas e mais fortunas aos pobres, ser um mártir, viver de filantropia e dar a vida por uma causa se o coração estiver longe do Pai, afinal a caridade por si só não salva... De nada vale jejuar, dizimar, profetizar, entoar louvores, ser ungido, meditar e seguir práticas religiosas se o coração estiver longe do Pai, afinal a religião por si só não salva...
Filho de Deus é aquele que o é interiormente, é aquele cuja vida foi provada no Evangelho, filho de Deus é aquele que decidiu entregar o controle de tudo para o Pai, o verdadeiro filho compreende que Deus não está preso a uma lei ou um rito, ele sabe que a morada do Pai está em seu coração e que precisa estar apto para ser casa de Deus.
Quantas pessoas não tem a prática religiosa, porém possuem uma conduta de vida muito melhor do que a dos religiosos... Não estou afirmando que o religioso pecador vai para o inferno e o não religioso porém moralmente correto vai para o céu, o que quero dizer é que a simples prática de liturgia não salva ninguém...  Ser pastor, profeta, líder, bispo, apóstolo, membro de uma congregação, mestre, evangelista, ouvinte, reverendo, praticante isso não salva, nenhum destes títulos podem trazer justificação ou gerar salvação.
O problema da religião é que ela mede com os olhos humanos aquilo que só os olhos de Deus podem mensurar, porque não é o muito ou pouco fazer, na verdade não há nada que eu possa fazer para ser filho de Deus, eu só preciso descansar e confiar absolutamente N’Ele.
O maior problema da religião é impor práticas onde só devia haver amor, é substituir ritos por caráter, é trocar a simplicidade da filiação por títulos, é julgar benção material como medida de proximidade com Deus, é acreditar que o processo litúrgico está acima da espontaneidade da fé, é julgar experiência espiritual como gritos sapateado e profecias, é crer que a penitência está acima da devoção pura, e biblicamente relacionamento com Deus é bem mais simples que isso...
E é aí que muitos caem, e outros se aproveitam... É aí que a religião é usada como trampolim para enriquecimento ilícito, é aí que os mais bárbaros pecados são justificados, é aí que os títulos ofuscam a essência do relacionamento com Deus, é aí o pseudocrístão passa a viver como ímpio, mas pela prática religiosa se considera acima de qualquer suspeita.
A religião é assim, um mar de ilusão... São tantas imposições, formas, métodos, obrigações, peso, jugos que acabamos cheio de justiça própria, afinal seguimos uma idelogia, praticamos ritos e temos acesso as coisas divinas...
O caminho para Deus é bem mais simplificado... Mas não se engane simplificado não é a mesma coisa que simplório.
É tempo de amadurecer na fé, é tempo de crer sem precisar se apegar a uma estrutura religiosa, é tempo de crer simplesmente porque se sabe que existe um único Deus, e ter relacionamento com Ele por amor e não por mero rito ou liturgia... Precisamos deixar este misticismo que a religião trouxe onde precisamos nos agarrar a uma vela pra acender, colar pra pendurar, templo pra se prostrar, sacrifício pra fazer, música pra entoar para nos aproximarmos de Pai...
O que Deus está dizendo em toda a Bíblia é que Ele é quem faz e não eu, não há mérito algum em mim tudo é Deus, o que Ele quer fazer está muito acima da minha capacidade de realizar o que eu preciso não é de religião eu preciso é me entregar.
A nossa esperança é mais do que uma simples ideologia ou filosofia, nossa esperança é uma vida impregnada de graça, ressurreição, de simplicidade no servir, de pequenos e grandes milagres, de fé, amor, devoção e alegria. 
É muito mais que religião, isso está acima da nossa capacidade limitaa e da nossa razão. Não há nenhuma estrutura de rito ou dogmas que possa nos justificar, a justificação pela fé é algo pessoal é Deus agindo em nós, mesmo nós sendo tão imperfeitos.
Não há como explicar, mas a religião é pouco pra quem entende que tem muito mais, a nomeclatura da nossa religião não devia ser católico, protestante, evangélico ou renovados nossa “religião” deveria chamar-se fé, fé pura e simples no Deus que tudo pode, tudo fez e tudo é!
Esse é o verdadeiro chamado, deixar a razão de lado e crer, é ver a vida mesmo estando diante da morte, caminhar com a Divindade invisível, ouvir uma voz no seu interior mesmo sabendo que se está sozinho no recinto, é estar livre dos títulos para estar com o Mestre, é abrir mão das obrigações religiosas para ter tempo de contemplar e viver o sobrenatural, é fechar os olhos e simplesmente crer e por crer caminhar como crente tendo a convicção de que nada do que sou ou faço pode adiantar ou atrasar o propósito de Deus na minha vida.
Vida com Deus está acima destes pastores que juntam riquezas com o dinheiro que é de Deus e se tornam pedras tropeço envergonhando o Evangelho, vida com Deus está além da aparente vitória do mal sobre o bem, vida com Deus está além do título dado pelos homens a outros homens, está além das ações religiosas realizadas de qualquer jeito sem amor e temor.
Não se iluda com a religião, não se iluda com os religiosos...
Foi assim nos tempo de Jesus, é assim nos tempos de hoje, mas somos nós que decidimos quem seremos e como viveremos.
Mas do que participar dos ritos, cumprir uma mera formalidade ou ser uma religiosa eu quero viver o sobrenatural, quero ser participante da ressurreição, quero andar em temor, amor e redenção.
Eu quero ir bem mais alto, quero este caminho que me leva além da ilusão da religião!

"A fé veio para torcer o pescoço da razão." [Karl Barth]

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Quando a multidão não vale a pena...



Tem um ditado que diz que a voz do povo é a voz de Deus. Que bobagem! Quando se lê a Bíblia percebe-se que raramente Deus pensava como a multidão, na verdade os pensamentos D’Ele eram e continuam bem mais altos que os nossos.

Ao analisarmos as Escrituras podemos perceber que em determinados momentos Jesus simplesmente se afastava da multidão... Ele sabia a importância da mesma, afinal Sua missão era pregar as boas novas e se sacrificar pelo povo, mas acima disso Ele compreendia que em alguns momentos estar com a multidão não valia a pena. Uma das provas disso é que Jesus falava com o povo por meio de parábolas, os discípulos quando questionaram o Mestre o porque disso escutaram: “Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas aqueles não lhes é concedido isso.” Naquele momento Cristo deixava bem claro que as multidões não possuíam estrutura para conhecer profundamente os desígnios divinos, existiam algumas situações que não cabiam ao povo saber pois se soubessem não saberiam interpretar; mas na frente Jesus diz: “... porque, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem.” Jesus não estava menosprezando ninguém, Ele só conhecia o limite do povo, como ninguém Ele compreendia até onde podia ir, Cristo sabia que nem todas as pessoas estavam prontas para escutar aquilo que Ele tinha pra dizer de forma nua e crua.


Daí surge a primeira lição:  Nem sempre as pessoas possuem estrutura para ouvir o que você tem a dizer.


A grande verdade é que se formos 100% sinceros naquilo que pensamos vamos acabar escandalizando muita gente e Jesus deixou claro que nem todos estavam prontos para compreender nossos posicionamentos e pensamentos, existem situações que a massa não pode e nem deve saber, primeiro porque não compreenderiam e segundo porque ficariam fomentando o assunto de maneira errônea... Eu aprendi isso na pele, quantas vezes contei segredos para quem não devia, quantas vezes me expus pra multidão e fui mal interpretada, perdi a conta das vezes que falei A e a pessoa simplesmente entendeu Z... Com algumas pessoas (ou a grande maioria delas) o melhor é se calar ou falar por parábolas, dar o recado sem chocar expor ou escandalizar, porque não vale a pena ter dor de cabeça com quem ouve, mas não entende, é como dar murro em ponta de faca você só se fere e não alcança seu objetivo. E não adianta, ninguém pode dar aquilo que não tem, não podemos exigir convicção do neófito, lealdade do infiel, sabedoria do imaturo, amor de quem nunca foi amado...

E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só. – Mateus 14: 23
Num determinado momento depois de dar o seu sermão Jesus se despedia das multidões e com seus discípulos mais chegados se distanciava rumo ao monte, lá no monte Ele se afastava de seus discípulos e ia orar sozinho, aquele era a hora só D’Ele com Deus, aquele era o momento da transparência, da busca pelo equilíbrio espiritual, de realinhar sua fé e expor para o Pai seus anseios e sentimentos mais profundos.

Daí surge a segunda lição: Em alguns momentos é preciso ficar só.
Tem horas que é preciso se distanciar de todos para recarregar as energias, a multidão é barulhenta, questionadora, requer atenção e acaba sugando nossas energias. Jesus entendia que deveria reservar momentos para descansar, meditar, orar e renovar sua fé, aquele era o momento de se reencontrar com Sua origem, valores e fortalecer a essência de sua missão. Assim também acontece conosco, há momentos em que estar cercado de gente enfada, cansa e é preciso cuidar de si, fortalecer seus valores e fé se reencontrar no Caminho.


O que eu acho mais engraçado é que Jesus primeiro se distanciava da multidão e depois dos discípulos, essa ordem mostra os relacionamento que Ele possuía, mas o fato é que não interessava o nível de relacionamento, em determinado momento Jesus se afastava de todos para se encontrar com UM, para ficar a sós em meditação e reflexão. Não que Ele gostasse de solidão, mas porque entedia que períodos de reclusão eram necessários para continuar a caminhada...

E eu pergunto: Quem disse que ficar só é sinônimo de solidão? Na minha opinião eu sou a minha melhor companhia (depois de Deus, claro) quando estou só sonho, imagino, danço, canto, reconheço meus erros, falo com o Criador, reaprendo, fico em silêncio, choro, questiono, dou gargalhadas, recarrego as energias, disserto... Tenho buscado aproveitar ao máximo os momentos que estou só, me conhecer e fortalecer tem sido minha missão nos últimos dias e acredite está sendo ótimo, aprendi que só posso ajudar os outros quando eu também cuidar de mim, portanto, estou buscado dar um passo de cada vez e sei que devagarzinho vou chegar lá. Tem horas que é preciso retirar o pé do acelerador e recomeçar.
Não insista, não vale a pena... Há momentos que na vida parar é pré–requisito para continuar.

“O governador, pois, perguntou a multidão: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás.” Mateus 27: 21
A mesma multidão que seguiu Jesus ouviu seus discursos e viu grandes milagres foi a mesma que optou por Barrabás... Sinceramente não dá pra entender como escolheram um perturbador da ordem pública e assassino (Lucas 23:19) ao invés de Jesus, que foi morto sem acusação alguma... A grande realidade é que a multidão muda facilmente de opinião, hoje ela está com você, te apoia, te ouve, te respeita; amanhã simplesmente eles mudam de opinião e o tratamento dado é outro.
A multidão é volátil e isso dói, machuca perceber que quem você acreditava estar do seu lado está longe ou não optou por você, é horrível perceber que sua dedicação e amor não foram reconhecidos, e quantas vezes eu passei por isso, quantas vezes me decepcionei com a escolha de algumas pessoas, quantas vezes precisei de ajuda e me vi só, mas a multidão é assim, ela usa seu poder de escolha sempre e troca de opinião assim como troca de roupa.

Surge daí mais uma lição: Não se iluda... A multidão muda de ideia facilmente.
Eu entendo que Jesus deu mais importância ao invisível, se agarrou naquilo que o olho humano não enxergava e continuou sua jornada mesmo sendo abandonado por aqueles que O seguiam, e foi só que Ele enfrentou o calvário e provou o fel amargo do cálice da morte, mas nem por isso Ele perdeu a batalha ou deixou de amar a multidão... Porém Ele percebeu que viver apenas pra agradar a multidão não era o foco e não valia a pena.


Hoje estou assim: Me calei pra não escandalizar, me afastei da multidão pra me reencontrar no chamado em meditação e devoção e estou me acostumando com o fato de que as pessoas tem o direito de mudar de ideia radicalmente... Ainda amo as pessoas, mas acredito que o melhor caminho no momento é este, nem tão perto, nem tão distante da multidão... Estou aprendendo a caminhar sem depender quase que exclusivamente do povo, que se considera a voz de Deus mas na verdade não passa de pó, assim como eu.


É uma pena, mas em alguns momentos a multidão não vale a pena.

sábado, 7 de abril de 2012

Ensaio Nu


Quero me despir dos pudores, dos preconceitos e dos medos
Quero me abrir para o novo, sentir novos sabores e cheiros
Me lançar naquilo que não vivi mas já ouvi falar
Me deliciar por completo no instante chamado agora

Quero poder ser eu mesmo sem medo de ser feliz
Quero externar meus sentimentos sem recato e sem receio de escandalizar
Quero despir minha alma e me lançar na paz que excede todo entendimento
Quero fazer um ensaio nu da minha personalidade sem a tensão de ser julgada

Quero respeito a minha nudez
Quero viver sem máscaras ou disfarces
Quero profunda deferência a vida que escolhi pra mim
Quero respeito a minha história

Defeitos, qualidades, medos e anseios
Que todos sejam publicados na primeira página do caderno chamado vida
Acessível a gregos e troianos, disponível a todas as classes
E respeitado pelas multidões

Faço a partir de agora um ensaio nu
Dispo-me em público de meus argumentos, temores e dúvidas
Dispo-me das mágoas, da saudade e do passado
Refaço minha história em busca de dias melhores
Caio na estrada em busca da simplicidade da Divindade que tanto amo

Que minha busca existencial seja respeitada e que meu ensaio nu seja publicado nos cadernos da vida sem distorções.





quinta-feira, 5 de abril de 2012

Feliz Páscoa

A semana é santa, mas o corpo é impuro
A comida é peixe, mas o sabor é de feriado
O significado é ressurreição, mas muitos confundem com diversão.

Que os marcos antigos permaneçam, que possamos refletir e renascer verdadeiramente.

Feliz Páscoa!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Do que adianta?


Do que adianta valorizar quando já se perdeu,
Cuidar quando já se foi,
Amar quando já morreu...

Do que adianta agir quando a oportunidade passou,
Ouvir e não praticar,
Crer quando o problema acabou...

Do que adianta ter e não ser,
Abraçar quando o frio passou,
Saber e não compartilhar...

Do que adianta viver e não sentir,
Comer e não saborear,
Olhar e não ver...

Do que adianta viver assim?


Como disse o querido Mário Quintana:

“Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade.”