domingo, 15 de abril de 2012

A ilusão dos religiosos

Diante dos escândalos envolvendo pastores que abalaram o cenário evangélico no Brasil (mais uma vez) eu acabei me pegando refletindo sobre o poder degenerativo da religião. 

Todos nós já sabemos que seguir uma religião não nos faz necessariamente filhos de Deus, assim como também não seguir uma religião não nos faz filhos de Deus. O caminho para se chegar a Deus é simples, porém exige um coração disposto, rendido e aliançado ao Evangelho.
De nada adianta doar fortunas e mais fortunas aos pobres, ser um mártir, viver de filantropia e dar a vida por uma causa se o coração estiver longe do Pai, afinal a caridade por si só não salva... De nada vale jejuar, dizimar, profetizar, entoar louvores, ser ungido, meditar e seguir práticas religiosas se o coração estiver longe do Pai, afinal a religião por si só não salva...
Filho de Deus é aquele que o é interiormente, é aquele cuja vida foi provada no Evangelho, filho de Deus é aquele que decidiu entregar o controle de tudo para o Pai, o verdadeiro filho compreende que Deus não está preso a uma lei ou um rito, ele sabe que a morada do Pai está em seu coração e que precisa estar apto para ser casa de Deus.
Quantas pessoas não tem a prática religiosa, porém possuem uma conduta de vida muito melhor do que a dos religiosos... Não estou afirmando que o religioso pecador vai para o inferno e o não religioso porém moralmente correto vai para o céu, o que quero dizer é que a simples prática de liturgia não salva ninguém...  Ser pastor, profeta, líder, bispo, apóstolo, membro de uma congregação, mestre, evangelista, ouvinte, reverendo, praticante isso não salva, nenhum destes títulos podem trazer justificação ou gerar salvação.
O problema da religião é que ela mede com os olhos humanos aquilo que só os olhos de Deus podem mensurar, porque não é o muito ou pouco fazer, na verdade não há nada que eu possa fazer para ser filho de Deus, eu só preciso descansar e confiar absolutamente N’Ele.
O maior problema da religião é impor práticas onde só devia haver amor, é substituir ritos por caráter, é trocar a simplicidade da filiação por títulos, é julgar benção material como medida de proximidade com Deus, é acreditar que o processo litúrgico está acima da espontaneidade da fé, é julgar experiência espiritual como gritos sapateado e profecias, é crer que a penitência está acima da devoção pura, e biblicamente relacionamento com Deus é bem mais simples que isso...
E é aí que muitos caem, e outros se aproveitam... É aí que a religião é usada como trampolim para enriquecimento ilícito, é aí que os mais bárbaros pecados são justificados, é aí que os títulos ofuscam a essência do relacionamento com Deus, é aí o pseudocrístão passa a viver como ímpio, mas pela prática religiosa se considera acima de qualquer suspeita.
A religião é assim, um mar de ilusão... São tantas imposições, formas, métodos, obrigações, peso, jugos que acabamos cheio de justiça própria, afinal seguimos uma idelogia, praticamos ritos e temos acesso as coisas divinas...
O caminho para Deus é bem mais simplificado... Mas não se engane simplificado não é a mesma coisa que simplório.
É tempo de amadurecer na fé, é tempo de crer sem precisar se apegar a uma estrutura religiosa, é tempo de crer simplesmente porque se sabe que existe um único Deus, e ter relacionamento com Ele por amor e não por mero rito ou liturgia... Precisamos deixar este misticismo que a religião trouxe onde precisamos nos agarrar a uma vela pra acender, colar pra pendurar, templo pra se prostrar, sacrifício pra fazer, música pra entoar para nos aproximarmos de Pai...
O que Deus está dizendo em toda a Bíblia é que Ele é quem faz e não eu, não há mérito algum em mim tudo é Deus, o que Ele quer fazer está muito acima da minha capacidade de realizar o que eu preciso não é de religião eu preciso é me entregar.
A nossa esperança é mais do que uma simples ideologia ou filosofia, nossa esperança é uma vida impregnada de graça, ressurreição, de simplicidade no servir, de pequenos e grandes milagres, de fé, amor, devoção e alegria. 
É muito mais que religião, isso está acima da nossa capacidade limitaa e da nossa razão. Não há nenhuma estrutura de rito ou dogmas que possa nos justificar, a justificação pela fé é algo pessoal é Deus agindo em nós, mesmo nós sendo tão imperfeitos.
Não há como explicar, mas a religião é pouco pra quem entende que tem muito mais, a nomeclatura da nossa religião não devia ser católico, protestante, evangélico ou renovados nossa “religião” deveria chamar-se fé, fé pura e simples no Deus que tudo pode, tudo fez e tudo é!
Esse é o verdadeiro chamado, deixar a razão de lado e crer, é ver a vida mesmo estando diante da morte, caminhar com a Divindade invisível, ouvir uma voz no seu interior mesmo sabendo que se está sozinho no recinto, é estar livre dos títulos para estar com o Mestre, é abrir mão das obrigações religiosas para ter tempo de contemplar e viver o sobrenatural, é fechar os olhos e simplesmente crer e por crer caminhar como crente tendo a convicção de que nada do que sou ou faço pode adiantar ou atrasar o propósito de Deus na minha vida.
Vida com Deus está acima destes pastores que juntam riquezas com o dinheiro que é de Deus e se tornam pedras tropeço envergonhando o Evangelho, vida com Deus está além da aparente vitória do mal sobre o bem, vida com Deus está além do título dado pelos homens a outros homens, está além das ações religiosas realizadas de qualquer jeito sem amor e temor.
Não se iluda com a religião, não se iluda com os religiosos...
Foi assim nos tempo de Jesus, é assim nos tempos de hoje, mas somos nós que decidimos quem seremos e como viveremos.
Mas do que participar dos ritos, cumprir uma mera formalidade ou ser uma religiosa eu quero viver o sobrenatural, quero ser participante da ressurreição, quero andar em temor, amor e redenção.
Eu quero ir bem mais alto, quero este caminho que me leva além da ilusão da religião!

"A fé veio para torcer o pescoço da razão." [Karl Barth]

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